A lenda dos Amantes de Teruel
A lenda de hoje, dos Amantes de Teruel, vem aqui com uma pequena história pessoal associada. Há uns tempos encontrámos uma lista das que eram consideradas as maiores lendas de Portugal. Já aqui falámos de uma semelhante, da autoria de Teófilo Braga, mas o que esta outra tinha de especial é que, entre dezenas de lendas bem conhecidas (como a do Galo de Barcelos) incluía uma lenda "nacional" de que nunca tínhamos ouvido falar antes... e mais estranho ainda era o facto da listagem associar ao nome dessa lenda um pequeno comentário pessoal, i.e. "é uma lenda espanhola mas muitíssimo famosa em Portugal". Desconhecemos como uma história desta natureza poderá ser "muitíssimo famosa" se já ninguém a parece conhecer por cá, mas pelo sim, pelo não, decidimos procurar informação sobre ela e recontá-la aqui:
Conta-se então que em inícios do século XIII viveram em Espanha, mais precisamente na localidade de Teruel, dois jovens que muito se amaram desde uma tenra idade. Um era chamado Diego, a outra chamava-se Isabel. Cresceram juntos, aprenderam o significado do amor juntos, mas a família da rapariga não permitiu o casamento deles, já que o seu amigo era mais pobre. Então, Diego, triste, pediu ao pai de Isabel apenas 5 anos, 5 anos e nada mais, para enriquecer e se tornar digno de casar com esta jovem, ao que o elemento paterno acedeu...
Depois, o tempo foi passando. Passou-se um ano. Dois. Três... e chegaram os cinco. Nessa altura Isabel já estava prometida a um outro homem, e o casamento entre ambos tomou lugar no preciso dia em que terminava o prazo dos cinco anos. E casaram... mas depois, no dia seguinte, Diego finalmente retornou, apenas para se aperceber que tinha contado mal a data, que tinha esquecido de colocar na conta o próprio dia em que o pedido foi feito. Em infinita dor, ele pediu um só beijo a Isabel - e esta recusou-o, até por já ser casada. Fez o pedido uma segunda vez - e esta recusou-o. Fê-lo uma terceira, ela tornou a recusá-lo, e ele morreu de amor.
Mas a história destes amantes de Teruel ainda não fica por aqui. No dia seguinte, quando o funeral do falecido se aproximava, Isabel apresentou-se com o seu vestido de casamento. Aproximou-se do túmulo do amigo, deu-lhe um único beijo nos lábios e tombou. Faleceu, também ela de um verdadeiro amor que nunca pôde ser consumado.
Hoje, quem for à Igreja de São Pedro, em Teruel, ainda lá pode encontrar o túmulo dos seus dois amantes, unidos para a eternidade por uma só mão, numa ideia amorosa que não pode deixar de lembrar os nossos Pedro e Inês. Já não existem amores assim, mas pelo menos recordamos aqui uma bela história de outros tempos, certamente hoje mais conhecida em Espanha do que em Portugal...