As cidades romanas de Portugal
Se há alguns dias aqui falámos de viagens a outros tempos e espaços, hoje decidimos então falar muito brevemente das principais cidades romanas de Portugal. E fazêmo-lo através de provas do chamado Itinerário de Antonino, uma espécie de mapa literário dos primeiros séculos da nossa era, que indicava, por escrito, as distâncias entre as diversas cidades. Se, por exemplo, estivessem em Olisipo, actual Lisboa, através deste documento poderiam saber que Bracara Augusta, actual Braga, estava a 244 milhas romanas de distância, i.e. aproximadamente 361 quilómetros. Agora, visto que esse itinerário se focava nas principais cidades, é possível gerar um mapa como o abaixo (o original vem deste link, mas foi ligeiramente adaptado aqui), em que assinalámos as cidades que estão actualmente no nosso país:
Obviamente que estas não são todas as cidades romanas de Portugal - por exemplo, faltam ali Portus Cale ou Sinus, actualmente Porto/Gaia e Sines - mas permitem-nos, num primeiro momento, identificar aquelas que eram as principais localidades do nosso país:
- Bracara [Augusta], actual Braga;
- Aquae Flaviae, Chaves;
- Conimbriga, Condeixa-a-Velha;
- Scallabis, que é Santarém;
- Ammaia [já lá iremos...]
- Olisipo, Lisboa, a famosa cidade associada a Ulisses;
- Ebora, actual Évora;
- Salacia, agora Alcácer do Sal;
- Pax Julia, hoje Beja;
- Lacobriga, actual Lagos;
- Ossonoba, actualmente Faro.
Como é muito fácil notar, falta ali a identificação de Ammaia. Isto deve-se ao facto de essa cidade, no actual concelho de Marvão, já não existir como anteriormente, resumindo-se apenas a vestígios significativos da povoação antiga, tal como ela era no tempo dos Romanos.
Agora, é ainda possível dar um passo adicional - pegando nestas cidades romanas de Portugal, podemos comparar a sua lista com a das principais povoações islâmicas de Portugal e descobrir que algumas cidades, como Lisboa, Santarém, Alcácer do Sal, Lagos e/ou Faro foram tendo uma grande e contínua importância no nosso país. Contudo, e para citar um aforismo moderno, "ausência de evidência não é evidência de ausência" - isto não quer dizer que não existissem muitas mais (por exemplo, Braga foi sempre uma das cidades mas importantes em termos religiosos), mas sim que pelo menos aquelas foram consideradas significativas ao ponto de constarem em referências que distam cerca de mil anos entre si, o que permite afirmar, sem quaisquer dúvidas, que pelo menos aquelas foram sendo sempre importantes no panorama nacional!