"As Leis do Sol" e a necessidade de se compreender (verdadeiramente) aquilo em que se acredita
A publicação de hoje, sobre estas Leis do Sol, merece algum contexto. Há algumas semanas atrás, quando escrevemos sobre o confronto de Buda com Mara, demos por nós a interrogar-nos se existiram séries orientais que mostrassem esse momento. Com alguma pesquisa, encontrámos um filme japonês (ver um pouco mais abaixo), mas à medida que o fomos vendo acabámos por notar que... tinha algo de estranho.
O que é? Caso não se tenham apercebido (ou simplesmente não queiram perder tempo a vê-lo), este filme pertence a uma religião/seita japonesa. Proclama um deus, El Cantare, de que nunca ninguém ouviu falar, e depois faz um esforço interessante para incluir numa mesma narrativa locais como o continente (perdido) de Mu e a Atlântida; figuras como Thoth, Zeus, Hermes e Buda; uma mensagem que supostamente foi sendo transmitida ao longo dos séculos; e até seres reptilianos - como ficção até tem uma certa piada, mas devemos é lembrar-nos que é suposto tratar-se de um filme sério, e nesse sentido lembra-nos um conjunto de estratégias manhosas que se costumam utilizar para promover um certo tipo de ideologias. Não acreditam? Vejamos outro exemplo, este claramente satírico:
Claro que as pessoas podem acreditar no que bem entenderem, mas é perigoso que o façam de forma incompleta ou descontextualizada, porque isso as abre a uma manipulação muito perigosa. Se viram o primeiro vídeo acima, poderão notar um momento curioso, em que Buda diz que voltará "passado 2500 anos", pretendendo-se que esse retorno seja, convenientemente, identificado com o fundador da mesma religião/seita. Que, também convenientemente, já publicou 2500 livros, zero deles disponíveis gratuitamente.
A grande verdade, essa, é que não existe uma mensagem filosófica ou religiosa que tenha sido partilhada por todas as culturas ao longo dos séculos (existem, isso sim, é um conjunto de ideias - como a chamada "regra de ouro" - que parecem ser tão importantes que todas as culturas as pregam). E também não é por se atirarem, aqui e ali, algumas referências a figuras que as pessoas poderão ter ouvido falar (mas poucas vezes conhecem bem, como é o caso de Platão...) que essa pseudo-mensagem é legitimizada. Por isso, tenham cuidado com estas coisas, e não se deixem levar por historietas fantasiosas!