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Mitologia em Português

14 de Outubro, 2024

Cinco perguntas a... #2- "Comic Tropes"

Depois de entrevistarmos uma lutadora de luta livre americana, este mês entrevistamos o Chris, criador do canal do Youtube Comic Tropes, que se foca essencialmente em comics norte-americanos, com alguns episódios ocasionais ligados a histórias de banda desenhada de outros locais. O que tem ele para nos dizer? Deixemos a entrevista falar por si; ela foi conduzida em Inglês, mas é apresentada aqui em tradução portuguesa para benefício dos leitores:

Entrevista com Comic Tropes

1- Um dos nossos membros é fã do teu canal no YouTube, Comic Tropes. O que mais o cativou foi a forma como tentas apresentar os comics a uma audiência que nem sempre está totalmente familiarizada com eles. O que te levou a criar o teu canal?

Decidi criar o meu canal no YouTube, Comic Tropes, quando fui despedido de um emprego e sabia que provavelmente teria algum tempo livre até ao próximo. Gosto de estar ocupado, por isso pensei no que me daria mais prazer falar, e a resposta foi fácil: comics. Sempre foi o meu meio artístico favorito e sabia que nunca me faltariam ideias para tópicos. E, 8 anos depois, ainda não me faltam!

 

2- Um aspeto curioso dos teus vídeos é que alguns começam de forma muito semelhante - "Oh, hi! You caught me [a fazer algo]". Alguns desses são claramente fictícios, outros estão ligados à tua vida real. Como surgiu essa ideia, como evoluiu ao longo do tempo, e há alguma sequência inicial que pensaste em usar, mas que, no final, nunca foi filmada ou foi filmada mas nunca usada?

Sempre tentei fazer o meu programa evoluir para que nunca fosse completamente previsível ou estagnado. Quando comecei, fazia muitas brincadeiras tontas, como comer comidas estranhas enquanto lia comics. Mais tarde, evoluí para uma análise mais histórica ou artística e quis cativar o público rapidamente com um toque de humor. Muitos desses inícios que mencionaste foram inspirados na forma como as sitcoms e programas de variedades [americanos] dos anos 70 e 80 mostravam uma personagem ou ator a ser interrompido a fazer algo mundano, e eles olhavam e sorriam para a câmara. Adorava especialmente o programa Yacht Rock [nota: tanto quanto foi possível apurar, nunca foi exibido na televisão em Portugal ou no Brasil], que parodiava isso, e tentei fazer uma homenagem a esse estilo. Hoje em dia tento fazer algo diferente, mas apenas quando tenho uma boa ideia.

 

3- A ideia de "isto inicialmente parecia uma boa ideia, mas no final não funcionou" parece ser um elemento comum em muitos comics. Já falaste de alguns desses no passado - em vídeos como "Stan Lee's Worst Ideas", "Is Doctor Hormone the Strangest Superhero Ever?" ou "The Time Aquaman Comics Went Too Far" - mas certamente existem muitos mais que merecem ser falados. Podes indicar-nos três outras ideias de comics que encaixem nesse molde, e três ideias que te pareceram absolutamente loucas, mas que acabaram por ser surpreendentes?

A história dos comics está cheia de ideias loucas que funcionam bem. A energia excêntrica e exagerada de "Do a Powerbomb!" de Daniel Warren Johnson surpreende o leitor com o coração e as histórias credíveis no núcleo da narrativa. O contraste surpreendente da arte adorável e animada de Trish Forstner em "Stray Dogs" combina com a história de Tony Fleecs sobre um serial killer e os cães que tentam resolver o crime, limitados pela sua memória de curto prazo. Um terceiro grande exemplo de uma ideia selvagem que funciona bem é o manga "Bakuman", escrito por Tsugumi Ohba e desenhado por Takeshi Obata. Não parece muito interessante ver dois adolescentes fictícios decidirem que querem ser criadores de manga, mas é uma bela história de pessoas a descobrirem quem são e quem querem ser, e a trabalhar arduamente para alcançar os seus sonhos. Muitas das ideias que não funcionam são criadas por razões puramente financeiras, em vez de criativas. Super-heróis da era dourada, como "Dynamite Thor", "The Puppeteer" e "Dart & Ace", foram todos criados sem uma motivação clara para o herói ou elencos de apoio interessantes. Apresentavam equipas criativas rotativas, por isso não havia consistência. Nenhum deles durou muito tempo.

 

4- Como sabes, o foco principal do nosso site é a Mitologia, e há alguns comics americanos relacionados com este tema, como "The Trojan War" da Marvel. Na tua opinião, quais são os melhores, e os menos bons, comics relacionados com mitos e lendas antigas e medievais?

Há imensos comics sobre mitologia ou histórias pouco conhecidas que contam histórias fantásticas. "Age of Bronze" de Eric Shanower é uma visão maravilhosa da Guerra de Troia. "The Ring of the Nibelung" de P. Craig Russell é belo e intricado. Robert Crumb, famoso pelos comics underground, tem uma abordagem selvagem do Livro do Génesis. E "Wonder Woman Historia: The Amazons", da escritora Kelly Sue DeConnick e vários outros artistas, é uma visão incrível de como remixar a mitologia grega para se encaixar na mitologia moderna dos super-heróis.

 

5- Na sua famosa obra "Seduction of the Innocent", Fredric Wertham argumentou que Batman e Robin eram um casal de homossexuais, enquanto documentários estranhos como "The Replacement Gods" falam de uma ligação demoníaca por trás dos comics americanos. Além destes, quais são os mitos mais loucos que já ouviste relacionados com comics?
Acho que o maior mito sobre comics é que são só para crianças. Comics são apenas um meio de contar histórias e são muito versáteis. Acredito que há histórias de comics para entreter e educar qualquer pessoa. E quase todos os países têm uma história e cultura única em relação aos comics. Fora da América do Norte, há uma história profunda como a bande dessinée [francesa], historietas, manga, e muito mais. Mais recentemente, países como a Coreia do Sul estão a inovar com novas formas de ler comics digitalmente, como os Webtoons. Cada cultura tem uma história de contar histórias sequenciais.

 

Muito obrigado ao Chris e ao canal Comic Tropes por esta breve entrevista!

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