Como se faz um pacto com o Diabo?
Como se faz um pacto com o Diabo, ou como fazer um pacto com uma figura como Satanás? A ideia é muito comum na cultura popular dos nossos dias, com as personagens de um qualquer livro ou série de televisão normalmente a assinarem uma espécie de contrato com o seu próprio sangue, mas nunca é contado, ou mesmo mostrado, à audiência no que consiste esse pacto chamado faustiano, de uma forma mais precisa. Poderia pensar-se que não se sabe a resposta, que é apenas uma ideia ficcional que nunca foi muito elaborada, mas quando é dito que figuras heréticas tão eminentes como Lutero, Calvino ou o famoso Doutor Fausto fizeram pactos dessa natureza, o que pensar?
Ter uma resposta a questões como estas nem sempre é fácil. Não porque as respostas não existam, mas porque normalmente estão em manuscritos que, ainda hoje, se encontram vedados ao público ou catalogados de forma deliberadamente incorrecta. Nesse sentido, para a publicação de hoje foi-nos feito um pedido menos vulgar - podíamos publicar este tema e explicar como se faz um pacto com o Diabo, sim, mas com a importante ressalva de que não podemos divulgar a origem do documento apresentado abaixo. Ele está em Latim numa biblioteca portuguesa, mas mais não podemos dizer. Segue-se uma breve tradução das linhas originais, explicando como fazer um pacto com o Diabo:
Renuncio-te, Deus-Pai, que me fez. Renuncio-te, Espírito Santo, que me abençoou. Renuncio-te, Jesus Cristo, que [duas ou três palavras estão rasuradas e ilegíveis]. Nunca vos irei adorar ou servir depois deste dia, e juro-me completamente a Lúcifer, senhor do negro abismo. E juro-me às suas regras, e ele deverá servir-me e fazer-me o que eu lhe pedir. Em troca, dar-lhe-ei o meu próprio sangue como seguro e juramento. Isto garante que serei dele em corpo e alma para toda a eternidade, se ele fizer o que eu lhe peço ou ordeno. Assim, assino com a minha própria mão e com o meu próprio sangue. Isto está certo e verdadeiro em todas as formas possíveis.
Supostamente, esta fórmula deveria ser escrita e depois, como o seu próprio texto indica, assinada em sangue. Mas esse elemento não bastaria, já que só surtia efeito na presença de uma testemunha muito especial - o próprio Diabo (ou Satanás, ou Lúcifer, ou como preferirem chamar a essa entidade...) tinha de estar presente e ver a pessoa a assinar com os seus próprios olhos, sob pena de todo o procedimento não ter qualquer valor real. Agora, em que circunstâncias é que aconteceria se juntarem todos esses estranhos factores num mesmo local e à mesma hora é algo que já desconhecemos, por nos parecer impossível... Porém, este breve exemplo prova é que existiu, em outros tempos, pelo menos uma fórmula explícita de alguém fazer um pacto com o Diabo, mesmo que todo o procedimento não tenha - hoje, como na altura em que foi escrito - qualquer efeito real. É uma mera curiosidade, e absolutamente nada mais.