Fátima e Lourdes - como é um milagre?
O Milagre de Fátima - Parte III
Os milagres de Fátima tiveram lugar no ano de 1917. Quase 60 anos antes, na cidade francesa de Lourdes, diz-se que Nossa Senhora apareceu a outra menina, esta já de 14 anos, chamada Bernadette Soubirous. Infelizmente ela não nos parece ter deixado nada escrito sobre as suas próprias experiências místicas, mas o que distingue significativamente este suposto milagre do de Fátima é o facto de na grande maioria das aparições Bernadette ter estado acompanhada por muito mais gente.
Por quase 18 vezes viu uma figura que posteriormente se veio a identificar como a Imaculada Concepção, e esteve quase sempre acompanhada por outras pessoas. E o que viram elas? É aqui que toda esta história se torna muitissimo interessante e relevante para o tema de Fátima - apesar de estar, numa dada altura, acompanhada por mais um milhar de pessoas, nunca existiu uma só, uma que fosse, que tivesse declarado presenciar também a presença divina no local.
Será que Bernadette estava a mentir? Estava ela, de alguma forma, louca? Aquando da nona aparição, a 25 de Fevereiro, escavou um pequeno buraco na caverna, de onde começou a brotar [miraculosamente?] água; pouco depois comeu erva, tendo afirmado que Nossa Senhora lhe disse para o fazer. Um elemento tão estranho na narrativa miraculosa podia fazer-nos pensar que a menina estava mesmo louca, mas entre a multidão encontrava-se pelo menos um médico, que atestou que apesar de ter experiência com pessoas com problemas psicológicos, nunca tinha visto ninguém que agisse como ela agia durante as aparições.
Como este, existem muitos outros elementos estranhos na narrativa dos milagres de Lourdes. Inicialmente, a menina pensa que a figura presente no local poderia ser o Diabo, chegando a atirar-lhe água benta e uma pedra, ambas as acções sem resposta. A entidade falou num dialecto que a menina supostamente desconhecia, mas que conseguiu reproduzir foneticamente, sem entender o seu significado. São divulgados três segredos, que ela guarda para si mesma, e cujo conteúdo nunca parece ter sido ouvido por absolutamente mais ninguém. Em muitos dos supostos encontros não houve qualquer troca de palavras com Nossa Senhora; quando lhe foi perguntado por diversas vezes o seu nome, é-nos dito que esta se limitou a sorrir. Em dados dias, estranhou e chorou pela completa ausência da figura divina que antes a interpelava. Em pelo menos um momento a vidente parece ter-se mostrado invulnerável ao fogo, como foi atestado por um médico.
E isto tem de nos suscitar uma dúvida importante - tanto quanto nos foi possível averiguar, nenhum dos visitantes de Fátima em 1917 viu Nossa Senhora, tal como ninguém o fez em Lourdes no ano de 1858. Porém, em ambos os casos existiram pessoas que viram episódios que poderíamos caracterizar como miraculosos - por exemplo, o sol a bailar no céu ou uma fonte de água límpida a aparecer onde se supunha que antes não existia nenhuma. Por isso, uma pergunta tem de ser feita para amanhã - na verdade, o que aconteceu no milagre de Fátima?