Francisco de la Vega Casar, o homem-peixe de Liérganes
Como que inspirados pelo tema de ontem, referente a Matsya dos Hindus, hoje decidimos então aqui falar sobre o homem-peixe de Liérganes, no norte de Espanha, que tinha por nome original Francisco de la Vega Casar. É uma história famosa no local, e supostamente até real, que se diz ter tomado lugar em finais do século XVII.
Conta-se então que este jovem, Francisco de la Vega Casar, nasceu e cresceu em Liérganes, uma povoação no norte de Espanha. Um dia, quando foi tomar banho nas águas próximas, pareceu ter sido arrastado por elas e os seus companheiros acharam que ele se tinha afogado. E, como em muitos outros casos reais semelhantes, toda a história poderia ter ficado por aí, mas... não ficou!
Nos anos que se seguiram foram muitos aqueles que disseram ter visto em cursos de água uma criatura aquática que parecia humana mas que estava coberta de escamas. Com alguma dificuldade ela lá acabou por ser capturada, mas não dizia nenhuma outra palavra excepto "Liérganes". Ao longo do tempo lá alguém se apercebeu que existia uma povoação com esse nome, levaram a estranha criatura para lá... e mal se encontrou no local, foi para casa da sua mãe, que depressa o reconheceu como o seu perdido filho. E então ele ainda viveu mais uns anos no local, antes de se atirar ao rio e desaparecer para sempre, nunca mais tendo sido visto novamente...
Este caso de Francisco de la Vega Casar, o homem-peixe de Liérganes, apesar de nos poder parecer estranho, não é único na cultura da época. Um episódio semelhante já aparecia na outrora-famosa novela Lazarillo de Tormes, de meados do século XVI, podemos relembrar o nosso Tritão da zona de Sintra, e figuras como estas também aparecem regularmente em manuscritos europeus (como o da imagem acima), mas o que torna esta ocorrência especialmente digna de nota é o facto de ela aparecer atestada na obra Teatro Crítico Universal do Padre Benito Jerónimo Feijoo. É provável que o nome da obra e do seu autor já diga pouco aos leitores hoje em dia, pelo que importa frisar que ele era muito céptico face a ocorrências como estas, mas no seu livro não só parecer acreditar nesta história, como dá a entender que tomou conhecimento dela por fonte primárias, por pessoas que diziam ter testemunhado tudo isto com os seus próprios olhos e que lhe pareceram fidedignas.
E, assim sendo, se não podemos ter a certeza absoluta do que se passou no local, pelo menos temos de admitir que "algo" se terá passado por lá, levando os cidadãos locais desta época a acreditarem que tudo isto era verdade. Terá sido um extraterrestre? Terá sido uma ocorrência completamente estranha e inesperada? Terá sido uma brincadeira parva de um adolescente? Não sabemos, nem podemos saber, tornando esta história famosa até aos nossos dias de hoje - por isso, se um dia estiverem por Liérganes, procurem o Centro de Interpretación del Hombre Pez, onde poderão conhecer um pouco mais da história do misterioso homem que nasceu com o nome de Francisco de la Vega Casar (e não, não fomos pagos para escrever estas linhas).