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Mitologia em Português

18 de Agosto, 2022

"Genealogias", de Acusilau de Argos

As Genealogias, de Acusilau de Argos, foram escritas por volta do século VI a.C. Se nos tivessem chegado de uma forma mais completa, talvez tivesse sido interessante comparar a forma como contrastavam com teogonias como as de Hesíodo ou de Antífanes, até para que pudessemos compreender melhor a diversidade de crenças dos Gregos nos séculos mais antigos. Mas, visto que já não nos chegaram excepto em breves fragmentos - um total de pouco mais de quatro dezenas, na edição que consultámos - o que nos é permitido saber sobre elas?

As Genealogias de Acusilau de Argos

Muito curiosamente, a Suda refere a origem da informação que este autor usou na sua obra - supostamente o pai dele encontrou algumas placas de bronze no quintal, com histórias de outros tempos, que depois o filho, este nosso Acusilau, traduziu e/ou adaptou para os seus tempos. O caso não é único - recorde-se o exemplo de Joseph Smith Jr. e a fundação do Mormonismo, com contornos semelhantes - e até parece ter sido de alguma frequência na Antiguidade, com Platão a obter parte do seu conhecimento das paredes dos templos do Egipto, Evémero a contar uma história que dizia ter lido numa coluna muito antiga, etc.

 

E que informação era essa? Os poucos fragmentos que nos chegaram permitem compreender que a sua era uma obra de natureza genealógica, o que parecerá óbvio em virtude do seu nome. Assim, através desses mesmos fragmentos das Genealogias de Acusilau de Argos podemos não só reconhecer algumas paternidades divergentes daquelas que tendemos a associar a alguns mitos, mas também perceber que, aqui e ali, ele também conhecia algumas histórias que eram pelo menos um pouco diferentes das que conhecemos hoje. Para dar alguns exemplos ilustrativos, ele dizia que:

  • Eros era filho da Noite e do Éter (em vez de ter por mãe Afrodite).
  • Quem guardava as Maçãs das Hespérides eram as Hárpias (em vez das versões que aparecem no mito de Hércules).
  • O Touro de Creta era aquele que transportou Europa para a ilha (a maior parte das versões dizem que quem a transportou foi Zeus transformado).
  • Acteon ficou louco por ter querido amar Sémele (nas outras versões ele viu Artémis nua a tomar banho).
  • Os Homens antes da cheia de Deucalião vivam 1000 anos.
  • Afrodite apenas fingiu apoiar os Troianos durante a famosa Guerra de Tróia.
  • Que Ceneu só morreu porque, em virtude de se ter tornado invulnerável, começou então a considerar-se um deus.
  • Etc...

 

Também parecem ter existido neste trabalho muitos mitos semelhantes aos "nossos", às formas das diversas histórias que ainda conhecemos nos dias de hoje, mas face ao seu carácter fragmentário é mais difícil reconhecer onde começam e acabam essas semelhanças. Não iremos tentar fazê-lo, como é óbvio, mas fica aqui a menção a mais uma obra da Antiguidade que parece ter sido de alguma importância significativa no seu tempo.

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