"History: Fiction or Science?", de Anatoly Fomenko
Este History: Fiction or Science?, de Anatoly Fomenko, é provavelmente um dos livros mais estranhos que já passaram por estas linhas. Isto porque se, normalmente, os livros que tendemos a abordar por cá se destacam ora pela positiva, ora pela sua importância cultural, já este - ou, melhor dizendo, esta compilação em sete volumes - acaba por ser digno de nota em função da estranha tese que defende. E é uma tese tão exorbitante que não pudémos deixar de sentir que tínhamos mesmo de ler esta obra. Não foi fácil encontrá-la, e naturalmente que não queríamos gastar dinheiro a comprar toda a colecção, pelo que nos resumimos ao primeiro volume, em que toda a tese do seu autor é apresentada e resumida... e é, verdadeiramente, algo difícil de definir, pela ideia que apresenta ao leitor.
Resumidamente, neste History: Fiction or Science? Anatoly Fomenko defende que as cronologias ocidentais estão incorrectas porque sofreram uma espécie de adição de anos durante a Idade Média. E não é apenas algo como o que se passou em Outubro de 1582, mas sim algo muito mais prolongado e complicado. A ser verdade, esta teoria mudaria toda a sociedade e história ocidental tal como a conhecemos, faria cair por terra incontáveis moinhos de vento que temos hoje nos nossos livros de histórias, e... depois, começa-se a ler toda a sequência de livros e começam a aparecer em toda a ideia um conjunto de falhas que até os não-especialistas poderão, em alguns casos, não ter qualquer espécie de dificuldade em reconhecer.
Por exemplo, uma das ideias mais estranhas aqui defendidas por Anatoly Fomenko diz que na Idade Média e no Renascimento alguns autores da Antiguidade, como Cícero, eram representados com vestes da época por terem vivido numa época recente. Mas, na verdade, essa é apenas uma convenção iconográfica da altura, como pode ser visto, sem nenhuma dificuldade, em quadros onde cenas bíblicas foram representadas com a presença do seu patrocinador, que, muito naturalmente, não pode ter vivido no tempo dos profectas e de Jesus Cristo.
Outro exemplo, numa dada altura este autor de History: Fiction or Science? argumenta que quando uma data é lida como "xij" em vez de "xii" - ou seja, quando os Romanos usavam um J em vez de um I - isso correspondia a uma data completamente diferente, o que terá levado a muitos erros cronológicos... o que até poderia ser verdade, claro, não fosse o facto de existirem diversos exemplos nos quais os dois caracteres coexistem e pelo contexto se pode depreender que significam precisamente o mesmo!
Claro que até podíamos aqui dar muitos mais exemplos, mas a grande lição a reter das linhas de hoje é simples - a não ser que pretendam perder tempo com uma obra bastante estranha e de pouco interesse real, esta é bastante digna de ser evitada. Não é má, mas numa tentativa de defender uma tese demasiado grandiosa, encontra-se repleta de erros basilares crassos. E, talvez por isso, merece ser mencionada pela estranha tese que procura defender e pouco mais...