Mais alguns provérbios antigos portugueses
Os provérbios antigos portugueses são sempre um tema que não pode deixar de nos fascinar. Por diversas razões, mas a mais evidente de todas elas é o facto de preservarem um conjunto de conhecimentos que eram considerados particularmente importantes na sua época. Os de hoje, por exemplo, vêm de meados do século XVII, da compilação de um autor chamado Aleixo de Santo António. Na sua obra intitulada Philosophia moral tirada de algus prouerbios ou adagios, ele sugere diversos temas filosóficos, ilustra cada um deles com um provérbio conhecido da sua época, e finalmente comenta-os com base em fontes literárias religiosas e pagãs. O primeiro e terceiros destes elementos não são, provavelmente, lá muito interessantes para o tema de hoje, mas entre os ditos que conhecia da sua época ele cita os seguintes na obra:
Faz bem, não cates a quem.
Quem semeia, espera.
Quem à boa árvore se chega, boa sombra o cobre.
Quem com farelos se mistura, porcos o comem.
A quem Deus quer ajudar, o vento lhe apanha a lenha.
Primeiro à lima, e depois à língua.
Mal vai a corte onde o boi velho não tosse.
Nunca Deus fez a quem desamparasse.
De manhã em manhã perde o cordeiro a lã.
A mouro morto grande lançada.
Onde a galinha tem os ovos, lá se lhe vão os olhos.
Ovelha que berra bocado perde.
Tu pedro e eu pedro, muito vai de pedro a pedro.
A mulher a galinha, por andar se perde asinha.
O medo mete a lebre a caminho.
Quem tempo tem e tempo espera, tempo vem que lho demo leva.
Melhor é quem Deus ajuda, que quem muito madruga.
Quem quer mais do que é bem, a mal vem.
Dádivas quebrantam penhas.
Quando Deus não quer, santos não rogam.
A honra é de quem a dá.
Ninho feito, pêga morta.
Não se tomam trutas com redes enxutas.
Barriga farta e pé dormente.
Também parece o ladrão na forca como o sacerdote no altar.
O cordeirinho mansa mama a sua teta e mais a alheia.
A pão de quinze dias, fome de três semanas.
Quem sofre, vence.
Quem faz o que quer, não faz o que deve.
Ao que mal vive, o medo segue-o.
Não dá quem tem, senão quem quer bem.
Alguns destes provérbios antigos portugueses ainda são conhecidos nos nossos dias, outros nem tanto, mas podem juntar-se há alguns outros que aqui publicámos há uns anos, na altura com o título de "Alguns ditados e provérbios portugueses pouco conhecidos", nessa nossa tentativa de trazer à luz temas que hoje já estão quase esquecidos...