O conceito de dia
Sobre o conceito de dia... creio que em todas as civilizações contemporâneas um dia oficial é definido como um espaço de 24 horas compreendido entre aquilo a que chamamos duas meias-noites, ou seja, entre as 00h e as 23:59h. Porém, nem sempre assim o foi. Como nos informa Plínio o Velho, no livro II da sua História Natural, diversas civilizações da Antiguidade tinham conceitos diferentes para este período, que definiam como um espaço entre:
Babilónios - dois nasceres do sol
Atenienses - dois pores do sol
Umbrianos - dois meios-dias
População em geral - o nascer do sol e a escuridão
O dia oficial romano, os Egípcios, e Hiparco [autor grego, que parece ter escrito sobre temas como estes] - período entre duas meias-noites
O que distingue estes conceitos parece ser os dois pontos-chave que considera como os limiares de um "dia"; se os quatro primeiros casos se referem a fenómenos naturais, que todos poderiam constatar e verificar, já o último necessita de algum método para verificar as horas, seja ele um relógio solar ou de água.
Agora,poderíamos perguntar-nos o seguinte, porque foi o conceito romano adoptado para a generalidade das populações, ao longo dos séculos, em detrimento de outros que, de uma forma natural, nos poderiam parecer mais lógicos? A resposta parece advir da necessidade de conjugar dois elementos cruciais, a presença de um conceito estático e a necessidade de conveniência.
Se o dia fosse, para nós, definido como o faziam os Babilónios ou os Atenienses, a sua duração acabaria por variar ao longo do ano. Ao mesmo tempo, se seguissemos a visão dos Umbrianos, o que também poderia acontecer era uma interrupção constante do trabalho diário, para que se soubesse, por exemplo, se uma dada transacção comercial ainda estava a ocorrer num dado dia, ou já estava a ter lugar no seguinte, o que também não seria muito conveniente.
Assim, poderá mesmo ter sido por estas razões que o dia, como o definiam os Romanos, foi sendo adoptado pelas diversas populações...