"O Livro dos Seres Imaginários", de Jorge Luis Borges
O Livro dos Seres Imaginários, de Jorge Luis Borges, pode ser sucintamente resumido como um bestiário dos nossos dias. Contém informação breve - desde um parágrafo até duas ou três páginas - sobre mais de uma centena de criaturas. Em comum, e como nem poderia deixar de ser em virtude do título da obra, têm o facto de serem imaginárias, que ocorreram na literatura e ficção desde os tempos do Épico de Gilgamesh até quase aos nossos dias.
Agora, a grande questão terá de ser... será que este Livro dos Seres Imaginários é uma obra literária recomendável? Aí é que a proverbial porca já torce o rabo - quem já conhece as criaturas que aparecem no livro pouco de novo aprenderá aqui; quem ainda não as conhece, e salvo raras excepções, só em muito poucos casos é que são dadas informações bibliográficas suficientes para que se possa desenvolver essa exploração adicional. Nesse sentido, é um livro um tanto ou quanto inconsistente, que num momento chega a dizer em que verso de Orlando Furioso primeiro surgem os hipogrifos, e momentos depois menciona criaturas chinesas que poucos ocidentais conhecerão sem que nos seja informado onde podemos vir a saber mais sobre elas. Por razões como essas, esta é uma obra digna de nota, mas não tanto uma obra que recomendemos.