O mito da morte de Hércules
O mito da morte de Hércules é talvez um dos mais singulares da Mitologia Grega, por nos mostrar muito directamente que até o mais poderoso de todos os heróis, o mais famoso dos filhos de Zeus e o realizador de doze grandes e famosos trabalhos, falece como um homem real. Recorde-se então como isso aconteceu:
Aquando de uma viagem, o famoso centauro Nesso teve de ajudar Dejanira, então esposa de Hércules, a cruzar um rio. No entanto, tentou também violentá-la. Quando este filho de Zeus viu o que se passava, optou por ferir mortalmente quem atacava a sua amada esposa, recorrendo a um ataque das suas flechas. No entanto, Nesso não morreu sem que antes desse uma última indicação a Dejanira - esta deveria preservar algum do sangue que saía das suas feridas, o qual asseguraria que o herói jamais amaria outra mulher mais do que amava a sua corrente esposa.
Anos mais tarde, Hércules apaixonou-se por Íole, filha do rei Êurito. A portadora do sangue de Nesso, ao tomar conhecimento desta situação, derramou esse mesmo sangue sobre umas vestes pertencentes ao herói, para assegurar que este lhe fosse sempre fiel, tal como lhe tinha sido dito por Nesso. No entanto, mal sabia ela que tal informação se tratava de não mais que um último logro da parte do falecido: quando Hércules usou essas vestes, sentiu em todo o seu corpo uma dor imensa e infindável.
Neste ponto, são depois diversas as versões do mito, mas todas elas terminam da mesma maneira: a morte de Hércules teve lugar quando este maior dos heróis gregos ardeu numa pira funerária, sobre o monte Eta. Enquanto que o seu corpo pereceu nesse instante, a sua metade divina foi resgatada por Zeus, que lhe atribuiu a já merecida imortalidade. Existiu, finalmente, uma reconciliação com Hera, a qual lhe deu mesmo a mão de sua filha Hebe, para esposa no Olimpo; o herói parece desaparecer dos mitos depois desse casamento e ascenção ao terreno dos deuses, mas até existem excepções a essa espécie de regra.