O mito de Ifis e Anaxarete (ou de Arceofonte e Arsíone)
Este mito, de Ifis e Anaxarete, é contado tanto por Ovídio como por Antonino Liberal, essencialmente mudando apenas o nome das duas personagens principais, que também podem ser chamados pelos nomes de Arceofonte e Arsíone - em ambos os casos, o primeiro é o homem e o segundo a mulher de uma mesma história.
Segundo ambos os autores, um homem (Ifis ou Arceofonte) apaixonou-se por uma mulher (Anaxarete ou Arsíone), mas esta insistiu em rejeitá-lo repetidamente, muitas vezes de formas profundamente cruéis. Chegando ao seu maior desespero, o apaixonado enforcou-se na porta de entrada da sua amada. Ainda assim, esta mulher nunca se compadeceu, nunca verteu uma única lágrima pelo seu antigo apaixonado. Então, quando o cortejo fúnebre do falecido passava em frente de sua casa, a influência divina de Afrodite levou à transformação desta mulher numa estátua de pedra, dando a todo o seu corpo o mesmo material frio que antes habitava no seu coração.
Esta é, portanto, uma história que nos adverte do perigoso poder de Afrodite. Tal como aconteceu com Anaxarete e Ífis, ou com Arceofonte e Arsíone - teriam sido, talvez, dois pares de amados que sofreram um mesmo destino? - absolutamente nada nos obriga a que amemos outro ser humano, mas nunca temos quaisquer razões reais para uma maior crueldade no amor.