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Mitologia em Português

21 de Fevereiro, 2021

O mito de Pítis (e o pinheiro)

O mito de Pítis vem-nos da Mitologia Grega. Podia ser apenas mais uma de tantas histórias de metamorfoses, mas o que ele tem de especial é o facto de nos terem chegado duas versões distintas da sua pequena aventura, com mensagens significativamente contraditórias.

O mito de Pítis

Na primeira versão do mito de Pítis, esta ninfa era disputada por dois deuses, Pã e Bóreas (i.e. o vento do norte). Sempre mostrou especial paixão pelo primeiro, e então o segundo, num dia em que se sentiu mais invejoso da felicidade alheia, soprou-a com muita força da beira de um penhasco, levando-a a cair e conduzindo-a à sua morte. Os outros deuses, seja com pena de Pã ou da sua falecida amada, depois transformaram-na num Pinheiro, que ainda hoje se movimenta ao sabor do vento, como que a tentar fugir daquele que um dia a martirizou.

 

Numa outra versão do mesmo mito, Pítis era amada pelo deus Pã mas não sentia nada por ele. Um dia, enquanto este deus de estranha figura a perseguia, quase que a conseguiu apanhar, pretendendo violá-la. No entanto, os deuses, com pena de toda a situação que estava prestes a gerar-se, transformaram-na em Pinheiro. A sequência não pode deixar de nos recordar as muitas Metamorfoses de Ovídio.

 

É muitíssimo curioso, este duplo papel que o deus Pã tem em duas versões do mito de Pítis. Mesmo após várias horas de discussão, demos por nós a constatar que são muito raros os mitos em que situações como estas têm lugar, em que duas figuras, mediante a versão, sejam unidas ou pelo amor, ou pelo ódio. Não obstante esse problema, as razões por detrás de todo este mito são fáceis de entender - o deus caprino era frequentemente representado com uma pinha, o que se procura explicar aqui fazendo dela um símbolo de uma sua antiga amada, como também acontece em muitos outros mitos - e.g. o de Apolo e Dafne. Assim, fosse Pã amado (ou não) por esta ninfa, não pôde deixar de se lembrar dela após o final de toda a história, e assim fez da pinha o seu símbolo divino pessoal.

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