O mito de Selene e Endimião
O mito de Selene e Endimião (também conhecido como Endymion), provindo da Mitologia Grega, não é muito fácil de recontar, pelo facto de se encontrar bem preso no meio de um conjunto infindável de versões distintas e histórias que nem sempre nos dizem a mesma coisa. Face a esse problema, optámos por contar aqui apenas o cerne de toda a história, que apesar de relativamente curto serve para explicar a grande razão pela qual as duas figuras se tornaram famosas ao longo dos séculos, chegando até a ser motivo de um soneto de Camões e das mais diversas representações na arte.
Selene era a deusa da Lua e irmã de Apolo (o Sol). Um dado dia, o rei-pastor Endimião apaixonou-se por ela, possivelmente quando a contemplava nas muitas noites que passava nos campos com os rebanhos de que tomava conta. E, ao mesmo tempo, a deusa apaixonou-se ela própria por este seu amável pastor. Amaram-se, juntaram-se em amor por infindáveis noites, e segundo algumas versões até acabaram por ter 50 descendentes.
Depois, por uma qualquer razão, Endimião foi recompensado, ou sofreu uma condenação, a um sono eterno. As razões para tal divergem nas várias versões do mito, mas todas elas parecem concordar com o final da história - o herói agora vive numa caverna mágica, onde se encontra num sono imortal, sempre jovem e como nos dias em que era amado pelo astro da noite. Selene, essa, visita-o sempre que pode, e por vezes até se retira dos céus para passar algumas noites ao lado do seu antigo amado, em cujas visitas muito se compraz, contemplando-o hoje quase precisamente como no dia em que primeiro o conheceu.
O que podemos acrescentar a este mito? A ideia de um sono de juventude eterna não é exclusiva desta história - recordem-se, por exemplo as histórias de Epimenides e dos Sete Dormentes de Éfeso - mas este é um caso excepcional, em que a figura humana principal ou é punida por Zeus (pelo menos uma versão diz que tentou seduzir Hera), ou é recompensada por Selene, para que ambos pudessem passar toda a eternidade um com o outro, numa forma quase semelhante ao do mito da Aurora e Titono. Mas, qualquer tenha sido a razão, é curioso que Selene nunca tenha deixado de amar o seu Endimião, por muitos séculos que se passem desde o momento em que ambos primeiro cruzaram os seus olhares...
E uma última curiosidade - é esta história, de Selene e Endimião, que inspirou parte de uma série animada japonesa conhecida como a Navegante da Lua!