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Mitologia em Português

09 de Outubro, 2020

O Mito de Tífon e Equidna

Contar o mito de Tífon e Equidna implica, talvez mais que tudo, ter de o inserir no contexto da Mitologia Grega em que ele ocorria originalmente. Explique-se então o seguinte - existem muitos mitos gregos e latinos que se foram perdendo ao longo dos séculos, e que apenas nos chegaram em breves referências aqui e ali. Entre eles contam-se um conjunto de histórias em que os deuses do Olimpo defrontam em combate figuras igualmente poderosas, como os Gigantes e os Titãs. E, se nos chegaram algumas referências a esses eventos, que vão desde os poemas de Hesíodo até à Gigantomaquia de Claudiano, é difícil reconstruir toda a sua trama de uma forma contínua. Por isso, o que contamos aqui hoje é parte de um desses grandes confrontos, mas focamo-nos em dois dos seus intervenienes, em vez das batalhas, em si mesmas.

Tífon

Tífon - também conhecido como Tífão ou Tifeu - tinha um corpo composto por infindáveis serpentes e a capacidade para voar. Terá sido o mais poderoso opositor que os deuses do Olimpo alguma vez defrontaram. E até os venceu temporariamente, forçando-os a fugir para o Egipto, mas ás tantas Zeus lá recuperou o controlo das suas famosas armas e, utilizando-as em seu favor, foi capaz de derrotar - mas não matar, tenha-se em atenção - este opositor, ocultando-o depois em algum lugar, que alguns autores dizem ter sido o Monte Etna. A melhor fonte para este mito, aqui apenas resumido, é a Dionisíaca de Nono.

Equidna

Equidna era uma figura semelhante mas feminina, com um corpo que era um misto de serpente e de mulher, e que parece ter sido muito pouco representada na arte (até só encontrámos dois exemplos da Antiguidade - a escultura acima é já do século XVI). Uma versão muito ténue diz-nos que ela foi morta por Argos, mas não explica em que circunstâncias isso aconteceu, e pouco mais ainda sabemos sobre ela.

 

Então, mas porque unimos os mitos de Tífon e Equidna num só? Na verdade, porque eles partilham de uma característica única na Mitologia Grega - segundo Hesíodo (entre outras fontes mais secundárias), estes dois monstros amavam-se muito e até tiveram vários filhos! Entre essas figuras, nascidas do estranho amor deste casal, contavam-se Orto (i.e. o cão de Gerião), Cérbero (o cão de guarda dos Infernos, com três cabeças), a Hidra de Lerna, e a Esfinge (que defrontará Édipo numa famosa história), entre várias outras. São, por isso, um casal monstruoso que teve filhos igualmente monstruosos, sendo essa a principal razão pela qual estas duas figuras se encontram tão unidas, como uma só - se os seus mitos originais já não nos chegaram de uma forma mais completa, o que até poderia contribuir para os individualizar mais, são muitas as aventuras que ainda conhecemos em que os seus filhos têm um papel significativo - e essas sim, que ainda podemos ler, de uma forma bem mais completa, entre a literatura dos Gregos e dos Romanos que chegou aos nossos dias.

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