O mito de Trofónio e Agamedes (e a Caverna de Trofónio)
Se existem pequenas adições à história aqui e ali, o mito de Trofónio e Agamedes é relativamente simples. Conta-se que essas duas figuras, frequentemente associadas como uma só, foram os arquitectos de diversos edifícios famosos por toda a Grécia, entre eles o Oráculo de Apolo em Delfos.
Segundo o mito, este famoso oráculo em Delfos foi então a última das construções que Trofónio e Agamedes fizeram. E, na verdade, o deus Apolo - visto na imagem acima - parece ter ficado tão contente com a sua criação que lhes decidiu conceder um desejo. Podiam pedir ao deus tudo o que quisessem, mas o seu desejo, qualquer que fosse, apenas se concretizaria após um período de sete dias. E então, eles decidiram pedir a Apolo algo que lhes parecia muito natural - queriam receber aquilo que os deuses considerassem o melhor para todos os seres humanos. O deus concedeu-lhes então esse desejo, e após uma semana de interregno acabaram ambos por falecer. Depois, Trofónio foi sepultado no interior de uma caverna, que se tornou um dos mais famosos oráculos da Antiguidade*.
A ideia não é completamente nova e até surge em diversos outros mitos, sempre com a sugestão de que o melhor para todos os seres humanos é falecer no seu momento de maior glória. Sejam as personagens Trofónio e Agamedes, Cléobis e Bíton, ou até Creso e Sólon, a ideia geral é a mesma, que pode ser bem resumida nas próprias palavras que são atribuídas ao sábio Sólon - não contes nenhum homem como afortunado até ao dia da sua morte. Dá que pensar, que sucessivos mitos da Antiguidade nos transmitam essa mesma mensagem, mas que ela também esteja já muito esquecida nos nossos dias de hoje...
*- Inspirados por uma visita virtual à Gruta Corícia, decidimos então também tentar visitar a chamada Gruta ou Caverna de Trofónio. Não fomos capazes de o fazer, porque se até ainda existe um espaço que se pensa ser esse antigo e famoso oráculo (e cuja entrada pode ser vista na imagem acima), não parece ter sido encontrado no local nada que permita afirmar, com absolutas certezas, que era mesmo este o local em questão. É, portanto, muito provável que o espaço original tenha sido esquecido ao longo dos séculos, até face à sua associação pagã, e ainda não tenha sido reencontrado nos nossos dias...