O mito de Vertumno e Pomona
Vertumno e Pomona são duas figuras divinas do tempo dos Romanos que, curiosamente, não vêm dos Gregos. Assim, o seu mito é puramente romano, podendo até ter sido uma invenção de Ovídio. Recordemo-lo nas linhas que se seguem:
Conta-se que Pomona era uma deusa romana associada à abundância dos campos, dos jardins e dos pomares. Contudo, era também muito orgulhosa de si mesma, rejeitando todos aqueles que procuravam o seu amor. E, agindo dessa forma, foi desprezando as mais diversas figuras - entre as quais se contavam sátiros! - até que um dia Vertumno, deus dos jardins e pomares, se aproximou dela, disfarçando a sua identidade real. Enganando-a, conduziu-a a um diálogo no qual a deusa acabou por admitir que um único deus merecia o seu amor; e, depois, revelando então a sua verdadeira forma (que não era, nem mais nem menos, que o do deus que ela tinha nomeado), conseguiu obter o mesmo amor que já tinha sido negado a tantas outras figuras!
É, portanto, um mito sucinto, este de Vertumno e Pomona, mas nem por isso foi menos significativo ao longo dos séculos. Ainda hoje podemos ver na arte múltiplas representações de ambos (uma delas até no "nosso" Palácio Nacional de Queluz!), apesar do pequeno universo mitológico que os une e que se parece resumir ao mito recontado acima. Eles são, em grupo e talvez mais que tudo, puras representações metafóricas dos pomares, levantando a hipótese de que até possa ter existido um tempo, anterior ao casamento das duas figuras de que nos fala este mito, em que pelo menos um deles até tinha uma associação diferente... contudo, os contornos mais antigos de ambas as divindades, anteriores ao primeiro século da nossa era, estão hoje envoltos em algum mistério, o que nos impede de saber muito mais sobre Pomona e Vertumno, tal como eles eram conhecidos entre os nativos de Itália antes da escrita dos versos de Ovídio.