O mito de Xenu
O mito de Xenu, de que aqui falamos hoje, é particularmente digno de nota pelo facto de se saber quando e onde nasceu, o que é muito pouco frequente em histórias de conteúdo mitológico. Assim, esta é uma história já do século XX, nascida da mente de um prolífico autor de ficção científica dos EUA, L. Ron Hubbard, e supostamente deveria permanecer secreta excepto para aqueles que nesta história conseguissem ver algo de muito credível, em vez de um mero e simples mito. Para todos os outros, bem, está supostamente protegida por uma espécie de feitiço misterioso que os fará rapidamente morrer de pneumonia (este artigo foi actualizado em 2023, e ainda não morremos, acrescente-se essa informação...). Feita essa estranha ressalva, se alguém quiser arriscar pode agora continuar a ler para conhecer toda esta estranha história:
Há milhões e milhões de anos atrás existiu um governante interplanetário muito mau chamado Xenu. Debatendo-se com um problema constante de excesso de população, decidiu então congelar a maior parte dos habitantes dos seus planetas, aqueles que lhe pareciam menos úteis e desejáveis. Depois, vindo à Terra, procurou um vulcão e atirou os ex-habitantes, ainda congelados, para o seu interior.
E eles morreram, naturalmente. Mas, quando as suas muitas almas se preparavam para voltar para casa, Xenu capturou-as novamente, aprisionou-as, fez-lhes uma enorme lavagem cerebral e depois libertou-as na Terra. Então, essas almas decidiram unir-se aos seres humanos, causando neles toda a espécie de problemas medonhos até aos nossos dias. E o anterior governante, esse, acabou por ser capturado pelos seus opositores e levado para uma caverna secreta numa qualquer monteira, onde ainda hoje continua preso...
A história é agora famosa, fruto de escritos do mesmo autor como Revolt in the Stars*, ou sátiras em programas televisivos (como o reproduzido acima), entre muitas outras fontes, mas de um ponto de vista neutro o que nos acaba por mostrar é que as pessoas estão prontas para acreditar em (quase) tudo, se isso lhes for apresentado num contexto que lhes pareça correcto e fidedigno. Ou seja, um mito ou lenda depressa se torna algo muitíssimo credível, até digno da maior veneração, se nos for introduzido no contexto certo, e isso vale tanto para este mito de Xenu em particular, como para quaisquer outras histórias que chegaram aos nossos dias e foram sendo produzidas ao longo dos séculos. De uma crença em figuras como estas a uma crença em Zeus ou Inanna, tudo depende do contexto...
*- Por curiosidade, a história dessa obra e a reproduzida aqui não são iguais. São relativamente semelhantes, mas no texto (ficcional) de L. Ron Hubbard as pessoas mortas nos vulcões são completos inocentes e incluem até uma criança com um peluche. Na obra, a sequência sobre as almas nunca é mencionada, sendo uma conveniente alteração que foi feita por esse seu criador para poder incluir toda esta história na seita religiosa que criou.