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Mitologia em Português

18 de Setembro, 2023

O mito etrusco de Charun (?)

Hoje falamos de um mito etrusco, o de Charun, para demonstrar um aspecto curioso da Mitologia Grega e Romana que muito poucos parecem conhecer. A uma primeira vista, ambas parecem referir as mesmas histórias apenas com alguns nomes diferentes - relembrem-se, por exemplo, os casos de Caco ou de Héracles/Hércules - quase como se os Romanos tivessem decidido roubar todo o património mitológico dos seus antecessores, o que é mais ou menos verdade. Contudo, um passo intermédio desse processo pode ser visto na cultura etrusca. Infelizmente, os mitos que os Etruscos contavam não nos chegaram directamente, mas podemos encontrar alguns deles representados na arte da dua época. E, entre eles, conta-se uma estranha figura que tem o nome de Charun.

O mito etrusco de Charun

Pelo contexto em que ele é representado podemos depreender que se tratava de um deus, ou de uma espécie de demónio do submundo (muitas vezes até é representado com asas), e depressa somos levados a Caronte, o barqueiro dos Gregos, mas o que esta outra figura tem frequentemente na mão não parece ser um remo, como seria de esperar, mas sim um martelo, com o qual ele podia ser visto ocasionalmente a atingir alguém, e que tende a transportar como o faríamos para aquilo que agora chamamos uma marreta. Acreditando que isto não é somente uma coincidência, como se explica que o remo original se tenha tornado um martelo, ou que este Charun nunca seja visto no interior de uma barca? Se, por outro lado, preferirmos atribuir a semelhança de nomes a um puro acaso, porque é que as duas figuras nunca são representadas em conjunto, quando ambas se tratavam claramente de divindades do submundo?

 

É difícil responder a este tipo de questões porque quase nada sabemos sobre a Mitologia Etrusca. Sim, claro que ela tem evidentes semelhanças com a dos Gregos e dos Romanos, nessa sua espécie de passo intermédio de inspiração, mas visto que não nos chegou de uma forma escrita, é hoje quase impossível compreender as alterações que ela foi sofrendo com o tempo. É muito fácil e simples acreditar que na sua forma original Caronte e Charun eram uma só figura, mas como é que o seu remo - e era, originalmente, mesmo um remo, que o deus utilizava para conduzir a barca dos infernos - depois se tornou um martelo parece ser um mistério que já não se consegue desvendar. Teorias, poderiam apresentar-se aqui mais que muitas, mas as certezas, essas, provavelmente já nem existiam nos primeiros séculos da nossa era...

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