O que é o Colar de São Cajó?
Um filme português lançado em 2023 tem por nome Pôr do Sol: O Mistério do Colar de São Cajó. É uma comédia nacional, na qual se começa por introduzir os celtiberos e um misterioso "Colar de Nosso Senhor do Coisinho, que depois lá tem o seu nome alterado para o do próprio título do filme. E claro que estes elementos são todos ficcionais, mas onde termina a ficção e começa a realidade em tudo isto? Dado o nome do próprio filme, será que, por exemplo, o tal São Cajó existiu mesmo?
Para quem for ver o filme, uma suposta prequela da série da RTP1 Pôr do Sol (que, confesse-se, não fomos ver), poderá facilmente aperceber-se que a sua trama é repetidamente satírica, gozando constantemente com os elementos que estamos demasiado habituados a ver em conteúdos do mesmo género. Por exemplo, em dada altura, prestes a falecer, um determinado cavaleiro diz ao seu companheiro "eu engravidei a tua mulher, já a contar que poderia morrer". Numa outra, uma determinada personagem chega até a perguntar-se sobre a identidade do santo, ao que lhe é respondido o seguinte - "São Cajó é o santo a quem os outros santos acendem velas. É tão poderoso que quando morreu caíram lágrimas doces do céu." Em contexto, percebe-se que também a vida dessa suposta figura santa é a mais pura ficção - não só porque ele nunca aparece no próprio filme, mas por essa adaptação de uma história demasiado geral, que pouco destoaria nos episódios da morte dos santos dos primeiros séculos da nossa era, como São Torpes, São Nicolau ou São Vicente.
O mesmo se passa com a família Bourbon de Linhaça e tudo o que mais aparece no filme Pôr do Sol: O Mistério do Colar de São Cajó - a mais pura ficção, mas concebida de uma forma a se dar um sentimento de possível verdade. Nem o colar existiu, nem o suposto santo que lhe deu o seu segundo nome, e muito menos aquele "Nosso Senhor do Coisinho" a que vão sendo feitas múltiplas alusões ao longo da trama...