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Mitologia em Português

21 de Outubro, 2022

Os mitos de Agdistis, Cibele e Átis

O tema de hoje, dos mitos que unem Agdistis, Cibele e Átis, é sem qualquer dúvida muito inapropriado para os mais novos. Como tal, tenderíamos a evitar recordá-lo, por razões já cá mencionadas, mas ao mesmo tempo esta é claramente uma história de grande importância na Antiguidade, não só por se assemelhar a alguns mitos vindos de terras outrora distantes, mas também porque parece ter nascido de uma adaptação dessas famosas histórias de outras culturas a todo um novo contexto. E, portanto, apesar do seu carácter problemático para uma audiência mais nova, decidimos que tínhamos mesmo de contar esta história de três partes a quem nos vai lendo.

Agdistis, Cibele e Átis

Em dada altura das suas aventuras, o deus Zeus uniu-se com Gaia, personificação da terra. Como isso aconteceu não é totalmente claro, varia mediante a versão consultada, mas em comum parecem ter o elemento de que esta união não foi planeada ou deliberada, simplesmente tomou lugar. Dela nasceu Agdistis (ou Agdiste, se preferirem), um grotesco ser com órgãos sexuais masculinos e femininos. Visto que os deuses temiam esta criatura tão pouco natural (talvez pelas razões apontadas no Simpósio de Platão), Dioniso embebedou-a, prendeu-lhe uma corda entre o pé e o pénis, e quando esta acordou auto-emasculou-se, derramando algum sangue no chão (de onde nasceu a primeira amendoeira) e repondo a normalidade de toda a situação. Agora apenas feminina, esta figura divina poderá então ter-se tornado a deusa Cibele.

 

O tempo foi passando. Um dia, uma filha de um rei local apanhou algumas amêndoas e colocou-as no seu regaço. Estes frutos da amendoeira desapareceram e a jovem ficou grávida, dando depois à luz o belíssimo Átis. Agdistis/Cibele apaixonou-se por ele (apesar de tecnicamente ser uma espécie de sua avó...), mas ele estava destinado a casar com outra pessoa. Então, a deusa apareceu no casamento e conduziu à loucura muitos dos presentes, que foram levados a emascularem-se, juntamente com o próprio Átis. Acabaram todos por morrer, mas Agdistis/Cibele pediu a Zeus que não deixasse o belíssimo corpo do jovem desaparecer para sempre, algo que o pai do Olimpo lhe decidiu conceder. Reza a história que o corpo deste belíssimo jovem ainda hoje jaz no monte onde foi enterrado, algures na Frígia (actual Turquia).

 

Já aqui citámos uma versão do mito da primeira de estas figuras; e a ideia, muito popular entre os autores cristãos, de um Átis como um mortal divinizado; mas a introdução do seu culto em Roma, com a ajuda de Cláudia Quinta, merece aqui uma especial referência, porque os sacerdotes dessa deusa tinham, tradicionalmente, de ser eunucos. Esse até pode parecer um elemento de fácil compreensão, face ao próprio contexto do mito da deusa, mas há que deixar muito claro que nem todos acreditavam que Agdistis e Cibele fossem uma só figura divina. Para uns eram-no, para outros não, mas pelo menos a história mitológica apresentada acima aparece muito associada a esta figura, sendo importante deixar aqui essa ressalva parcial.

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