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Mitologia em Português

01 de Agosto, 2018

Porque tinham os Dez Mandamentos duas tábuas?

Porque tinham os Dez Mandamentos duas tábuas?

Como há algumas semanas atrás os leitores pareceram ter gostado de uma outra temática como esta, decidimos revisitá-la com um tema significativamente diferente. Quais são os Dez Mandamentos? "Não matarás" é um dos mais evidentes, aquele que qualquer leitor certamente saberá dizer, mas quais são os restantes? E será que a sua ordem até importa, ou é somente relevante que todos eles sejam cumpridos? Há neles um segredo que muitos ignoram, mas que pode ajudar a decifrar esse problema. Vamos a isso?

Os Dez Mandamentos em duas tábuas - porquê?!

Na imagem acima, retirada do famoso filme Os Dez Mandamentos com Charlton Heston, Moisés tem nas mãos duas tábuas da lei, um elemento igualmente constante no texto bíblico (ver, por exemplo, Livro do Êxodo 34:1-4). Mas porquê a necessidade de duas tábuas, em vez de apenas uma (que até poderia ser inscrita dos dois lados), ou de dez pequenas tabuinhas? O segredo prende-se precisamente com essa resposta. Ao serem lidos, com atenção, os dez mandamentos, rapidamente se nota que podem ser divididos em duas categorias distintas:

 

Se foi Deus a enviá-los, faz sentido que recorde o seu papel passado ("Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito", cf. Livro do Êxodo 20:1), antes de dizer que só ele deverá ser venerado e que dele não devem ser feitas imagens. Prossegue, depois, dizendo que o seu nome também não deverá ser evocado em vão, e que o sabbath [judaico] a ele deve ser dedicado. Ou seja, estes quatro primeiros mandamentos, os da primeira tábua, são dedicados à relação do homem com a figura divina, dizendo-nos como esta deverá ser venerada.

Prossegue-se depois com os mandamentos da segunda tábua, que contêm as regras que os homens devem seguir entre eles. Honrar pai e mãe, primeiro que tudo, como elementos essenciais da família; depois, não matar (que seria o essencialmente para com aqueles que não pertencem à nossa família), não cometer adultério, não roubar, não levantar falsos testemunhos, nem cobiçar o que é dos outros (i.e. não fazer quaisquer actos que destruam famílias). Ou seja, resumidamente, não fazer nada que prejudique a comunidade no seu todo.

 

O que tem isto de especial? Séculos mais tarde, quando confrontado por um doutor da lei, Jesus Cristo referiu somente dois grandes mandamentos - "Amar a Deus sobre todas as coisas" e "Amar o próximo como a ti mesmo" (cf. Evangelho Segundo Mateus 22:35-40). Esses mandamentos nada têm de novo, não sendo mais do que o resumo do conteúdo presente nas mesmas duas tábuas da lei, a que séculos mais tarde os Islâmicos até viriam a chamar, respectivamente, "A Tábua da Aliança" e "A Tábua do Testemunho".  A sua ordenação interna é secundária face à sua grande lição - respeito para com Deus e para com o próximo!

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