"Refutação de todas as heresias", de Hipólito de Roma
Na leitura desta Refutação de todas as heresias, de Hipólito de Roma, deparei-me com alguns elementos que seriam interessantes mencionar por cá.
No livro I o autor refere vários autores gregos importantes, juntamente com algumas das suas ideias relativas ao divino e à criação do mundo. Assumo que esta temática poderia até continuar nos livros seguintes, mas infelizmente os livros II e III estão, à data de escrita destas linhas, perdidos; ainda assim, esta secção permite-nos saber, de forma extremamente sucinta e simples, as ideias de cada um desses autores sobre o tema em questão.
Depois, no livro IV o autor fala essencialmente sobre astrologia e magia. Essa parte da obra tem alguns momentos interessantes para quem queira compreender os fundamentos e evolução dessas duas áreas, bem como algumas das muitas críticas que lhes podem ser feitas.
Mais à frente, em VI.3, é contada a história de Apseto o Líbio, cujo resumo aqui incluo como simples curiosidade:
Apseto queria ser um deus. Incapaz de atingir esse propósito, decidiu então dar a aparência de que se tinha tornado um deus. Capturou vários papagaios e ensinou-os a dizerem "Apseto é um deus", antes de os libertar novamente. Estes espalharam-se por toda a Líbia, juntamente com a notícia, fazendo com que os nativos o vissem realmente como um deus, e o tratassem como tal.
Eventualmente, todo o esquema foi percebido por um grego, que ensinou aos mesmos pássaros uma nova expressão, fazendo-os revelar todo o esquema. Como punição pelo seu acto, Apseto foi queimado vivo.
Em VI.14, é-nos recontada a história que relaciona Simão Mago com a figura de Helena de Tróia. É curioso constatar que muitas ideias do Gnosticismo parecem vir da literatura grega, como claramente evidenciado não só pelas ideias desta figura mas também pelas de muitos outros autores mencionados nesta mesma obra.
Finalmente, no livro X é feito um resumo do conteúdo dos livros anteriores. Quem não desejar ler toda a obra, por apenas ter um interesse geral nesta ou naquela seita gnóstica (e importa referir que esta expressão é aqui usada sem qualquer intenção pejorativa), pode somente ler esse capítulo, acessível neste link.