Resultados do I Concurso de Poesia Mitologia.pt
Há pouco mais de um mês que aqui se iniciou o I Concurso de Poesia Mitologia.pt . Entretanto, participaram quase uma centena de pessoas, a maior parte das quais do Brasil. Surgiram alguns poemas verdadeiramente belos, pelo que devemos até confessar que sentimos alguma dificuldade em classificá-los para atribuir os respectivos prémios. Assim, todas as composições foram avaliadas com base nos critérios explicados anteriormente, e tendo existido um empate técnico pelo segundo e terceiro lugares, perguntou-se depois a três pessoas isentas qual deles preferiam. Desfeito esse pequeno problema, aqui ficam então os três vencedores e as respectivas composições poéticas:
Em terceiro lugar do pódio, o poema Αντίο (que é como quem diz, "adeus"), da autoria de Roger Bastos, sobre o mito de Orfeu e Eurídice. A título de curiosidade, o seu prémio, conforme as regras do concurso, foi doado à associação brasileira Cão Sem Dono. Veja-se a composição poética:
Filho da musa e de Apolo,
Encantei feras e donzelas,
Acalmei rios com melodias,
Despertando paixões serenas.Por ti, Eurídice, desci ao Hades,
Onde o barqueiro frio cativei,
E Cérbero, guardião sombrio,
Com a lira, acalmei.No palácio de sombras de Hades,
Com Perséfone ao seu lado,
Minhas notas romperam o silêncio,
E teu coração foi libertado.Num momento de dúvida e temor,
Olhei para trás, quebrando o pacto,
E tu, Eurídice, foste levada
De volta ao abismo intacto.Desde então, vivi em melancolia,
Neguei outras paixões,
Até que as Mênades me encontraram,
E com elas, veio minha ida.
Em segundo lugar, o poema A lenda do Minhocão, da autoria de Bernardo Santos, sobre essa conhecida lenda brasileira. O seu prémio foi para a associação brasileira Abrigo Irmã Tereza. Veja-se este segundo poema:
Lá vem o minhocão do Pari, serpenteando pelo rio Cuiabá,
zangado, faminto, derrubando embarcações
e devorando pescadores enlouquecidos.Lá vai o minhocão pantanal afora
em busca de seu irmão inquieto, místico;
o minhocão de Baús, que destrói casas e abrigos.Serão os minhocões grandes cobras
que crescem de forma desmensurada
a assustarem humanos desprotegidos?Há quem diga que sim, outros que não,
que tudo é fruto da imaginação,
puro mito!Lá se foi o minhocão, desacreditado,
fugiu pra São Paulo e o mito se fez concreto
ao transformar-se em um grande elevado.Lá está o minhocão na capital paulista,
onde passam por cima dele despercebidos.
Agora, querem destruí-lo por também ser temido.E se este dia chegar, aí sim, o minhocão será lenda.
Em primeiro lugar, e como grande vencedor deste I Concurso de Poesia Mitologia.pt, o poema O Peso dos Céus, da autoria de William Rocha Maximino de Oliveira, sobre o mito de Atlas. O seu prémio foi entregue à Casa da Criança, em Duque de Caxias, Brasil:
Sobre os ombros de Atlas, curvados,
Recai o céu em seu infinito fardo,
Um jugo que o tempo jamais alivia,
Um castigo sem termo, implacável.
Rochas nascidas da sua carne,
Pedra e pele fundem-se em dor,
O titã, que à terra se abraça,
Sustenta o mundo, que nele se crava.
Hércules, com a pele de leão cingida,
Toma por um instante o peso colossal,
Mas o fardo, eterno e imutável,
Regressa àquele que foi destinado.
Atlas, condenado à rocha e ao céu,
Seu nome ecoa entre estrelas e montes,
Guardião de um firmamento incansável,
Que as eras insistem em conservar.
Mas em cada fissura, cada gretadura,
Esconde-se o saber do universo,
Nas estrelas que ele contempla,
Nos segredos que jamais se revelam.
Esperamos que todos tenham gostado deste I Concurso de Poesia Mitologia.pt , e fica prometido que, se tudo correr bem e como planeado, daqui a mais algum tempo teremos uma segunda edição!