"Sobre a natureza das coisas", de Lucrécio
De um ponto de vista mais geral muito haveria a dizer sobre esta obra Sobre a natureza das coisas de Lucrécio, em que o autor expõe as crenças filosóficas do Epicurismo, mas em termos dos mitos existem, aqui, dois momentos particularmente relevantes que gostaria de deixar por cá.
Algures na obra (não anotei a localização), o autor examina a impossibilidade de existência dos centauros, e fá-lo com base num argumento bastante curioso - visto que um equídeo e um humano crescem e se desenvolvem a ritmos diferentes (por exemplo, comparem um cavalo de 3 anos com uma criança da mesma idade), seria então impossível existirem ambos numa só criatura. Fabuloso, este argumento, já que permite, de uma forma fácil e rápida, refutar a possível existência de toda uma classe de seres mitológicos.
Além disso, no livro V o autor conta a história da Humanidade. Não o faz desde o princípio dos tempos (confesso que estava curioso sobre como iria ele abordar o momento inicial), mas aborda alguns momentos interessantes, desde a ascensão da humanidade até à criação de algumas artes, passando pela criação das comunidades, primeiras guerras, invenção do dinheiro, etc.
Claro que não são só estes os momentos que eu poderia mencionar por cá, mas sendo esta uma obra de uma complexa beleza, a minha recomendação é mesmo que a leiam. Não é uma obra fácil, eu jamais a recomendaria a alguém que pretenda um livro apenas para ocupar algum tempo livro, mas do ponto de vista filosófico esta é, sem dúvida, uma das mais ricas obras que já tive a oportunidade de ler.