Sobre os deveres das esposas (ou dos maridos)
As seguintes linhas, tão actuais hoje como no tempo do próprio Aristóteles, provêm dos Económicos:
A esposa deve, por conseguinte, orar para que o marido não encontre a adversidade; no entanto, se algum mal o atingir, há-de ter em conta que é nessas ocasiões que a mulher virtuosa granjeia maior louvor, ao constatar que nem Alceste atrairia pobre si a glória nem Penélope mereceria tantos e tamanhos elogios, se tivessem passado a vida com esposos afortunados. Na verdade, foram as desgraças de Admeto e de Ulisses que lhes garantiram uma fama imortal, pois, no meio da adversidade, mantiveram-se fiéis e leais aos maridos, a ponto de os próprios deuses lhes prestarem honras nada imerecidas. De facto, é fácil encontrar quem deseje partilhar a prosperidade; associar-se, porém, à desgraça não o quer ninguém, a não ser a esposa excelente.
Perdoem-nos as feministas, é evidente que isto também se aplica aos maridos, mas é curioso constatar que mais de 2000 anos depois a humanidade continua a ter alguns dos mesmos problemas na sua vida diária.