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Mitologia em Português

14 de Dezembro, 2020

Uma história de antepassados chineses

Esta é uma curiosa história de antepassados chineses, mas que sofre de um grande problema, que é o facto de já não nos recordarmos de possíveis nomes envolvidos. Por isso, importa começar por contar uma outra história por detrás desta.

Há alguns anos estava a conversar com uma colega chinesa que trabalhava na área do imobiliário, e que contou que na sua cultura existia uma espécie de veneração pelos antepassados, o que levava a que os Chineses preferissem, ao comprar casa em Portugal, recintos completamente novos, em vez de aqueles que têm já alguma história. Isto porque, segundo ela, eles acreditam bastante que esses locais mais antigos podem ter por lá uma espécie de espírito das pessoas que já falecerem. Perguntei-lhe, na altura, se ela também acreditava nisso, ao que me disse, sem elaborar, "mais ou menos". E depois contou-me uma história semelhante a esta:

Alguns antepassados chineses

Um homem estava a dormir quando começou a ouvir uma voz fantasmagórica a seu lado. Insistentemente, essa voz disse-lhe que era o espírito do seu falecido pai e que ele tinha de ir cumprir um dado objectivo, aquele que tinha sido um dos grandes objectivos de seu pai, mas que este não tinha conseguido atingir antes de morrer. Compreensivelmente, o homem depressa se dispôs a ir cumprir esse objectivo. Vestiu-se, saiu de casa, e ia a caminho quando... de repente, ao seu ouvido, começou a ouvir uma segunda voz - era o seu avô, que também tinha um objectivo (diferente) para lhe dar! Pela lei de antiguidade, ele decidiu então cumprir primeiro o novo objectivo, mas... depressa lhe surgiu uma terceira voz, a do bisavô. Mais um novo objectivo estabelecido, que deveria tomar a primazia. E depois um outro, de um antepassado ainda mais distante... e outro, e outro, até que o homem foi levado à mais completa loucura.

 

Esta história mostra-nos, portanto, uma espécie de veneração que devemos aos nossos antepassados, mas também a importância de não deixarmos esse dever interferir nas nossas próprias vidas. Ou, pelo menos, assim o pensava. Mas, para esta colega, a moral era outra, e demonstrava que devemos fazer, o mais depressa possível, tudo o que podemos pelos nossos antecessores, sob pena de aquilo que lhes devemos acabar por nos consumir, como nesta pequena história. Talvez, mais do que uma questão de opinião, esta deva ser uma oportunidade para pensar na forma como as mesmas histórias podem ser lidas de forma diferente entre culturas, não existindo uma forma certa ou uma errada, mas sim múltiplas interpretações possíveis para uma única trama.

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