Jesus no Corão, um breve resumo
A figura de Jesus no Corão islâmico é pouco conhecida na cultura ocidental, pelo que decidimos falar um pouco sobre este curioso tema, sob a forma de um breve resumo. Assim, como é provável que muitos já saibam, o Corão (e a própria religião islâmica) surgiu inicialmente como uma espécie de continuação do Cristianismo, como esta religião era, também ela, uma espécie de continuação do Judaísmo. Por isso, Jesus Cristo (como, acrescente-se, algumas das principais figuras do Antigo Testamento) também aparece nesta fonte literária, mas com algumas divergências face à sua visão cristã. De forma breve, aqui ficam as principais diferenças apresentadas pela figura de Jesus no Corão:
- Jesus não é filho de uma entidade divina. É um profeta (como o foi anteriormente Moisés, e como voltará a sê-lo Maomé), e nasceu do ventre virgem de Maria, mas é repetidamente mencionado que Deus/Alá nunca teve nenhum filho;
- Jesus não foi crucificado. Não é explicado concretamente o que lhe terá acontecido, mas é dito que ele apenas pareceu ter sido crucificado, uma ideia derivada de uma seita gnóstica;
- A ideia da Trindade é completamente negada (até porque, como já referimos acima, Jesus era um profeta, mas não era filho de Deus/Alá);
- Se a sequência do nascimento desta criança até começa com o próprio nascimento de Maria, em relação ao primeiro é dito que nasceu numa manjedoura e ao pé de uma palmeira. Pouco depois, Jesus - ainda recém-nascido! - fala miraculosamente, revelando parte da sua missão futura;
- Enquanto criança criou alguns pássaros de barro e deu-lhes vida. Esse milagre não aparece no Novo Testamento, mas já ocorria, pelo menos, num dos evangelhos (apócrifos) da infância;
- Para alimentar uma multidão (talvez a mesma para quem multiplicou os pães e peixes nos quatro evangelhos?), Jesus fez com que uma mesa com comida descesse miraculosamente dos céus.
Se esta figura de Jesus no Corão tem certamente um fundamento bíblico, também parece ter sido influenciado por algumas ideias apócrifas e gnósticas. Não é, contudo, muito diferente da figura do Cristianismo, salvo a excepção de existir uma recorrente (mas necessária, no contexto islâmico) negação da sua divindade.