A lenda da Estátua da Ilha do Corvo
A lenda da Estátua da Ilha do Corvo, que também ficou conhecida como Estátua Equestre da Ilha do Corvo, é uma que dá muito que pensar, como uma espécie de estranho episódio de Ancient Aliens. E, tal como um episódio dessa série do Canal História (e não, não fomos pagos para lhes fazer publicidade), também deixa muito mais perguntas do que aquelas que responde. É verdadeiramente fascinante, reafirme-se isso, porque parece sugerir muita coisa mas, ao mesmo tempo, não oferecer qualquer espécie de respostas reais. Por isso, comece-se por apresentar toda esta estranha lenda.
A Ilha do Corvo, nos Açores, foi descoberta (ou potencialmente redescoberta), pelos Portugueses por volta do ano de 1452. Quando lá chegaram não encontraram vivalma na ilha, e supuseram, de uma forma muito natural, que nunca ninguém lá tivesse vivido. Até que, com o passar dos anos, foi encontrada uma estátua no local. Damião de Góis nunca a viu na primeira pessoa, mas dá-nos alguma informação sobre ela:
- Representava um homem a cavalo, com o cabelo descoberto, e que com o indicador direito apontava para oeste;
- Por baixo da estátua estava uma inscrição, já muito apagada, em caracteres que não eram latinos e que ninguém conseguiu compreender;
- A estátua, e a respectiva base, estavam colocadas num local de muito difícil acesso, só acessível fazendo descer homens com cordas para o local;
- O Rei Dom Manuel (monarca entre 1495 e 1521) mandou fazer uma imagem da estátua, da autoria de Duarte D'Armas, naquele que foi provavelmente o único evento digno de nota na vida desse pintor. Posteriormente, o mesmo rei mandou também removê-la do local, presumivelmente para a trazer para Portugal, mas ela já estava muito danificada - talvez pela influência contínua dos elementos durante séculos? - e partiu-se em muitos pedaços. Os seus restos foram trazidos para o país, entregues ao rei, e após esse momento desaparecem da história.
Agora, se pelos momentos finais da lenda é óbvio que esta Estátua da Ilha do Corvo já não pode ser encontrada no seu local original, talvez ainda fosse possível encontrar as letras a que Damião de Góis se referiu, que poderiam descortinar todo o mistério por detrás da sua origem. Partimos em busca do local e já ninguém parece saber muito bem onde era, mas existe um local nesta ilha que ainda é conhecido como a "Ponta do Marco" - possivelmente por aí ter existido a tal estátua, que em dada altura até deu ao local o nome de "Ilha do Marco". É de difícil acesso, mas parece existir uma gruta no local (um pequeno vídeo pode ser visto aqui), sendo possivelmente mesmo este o local a que se refere a lenda. Resta saber é se algo de significativo ainda pode ser encontrado no local...
Mas, mesmo que já nada de físico aí possa ser encontrado, esta lenda da Estátua da Ilha do Corvo deixa uma questão enorme. A acreditar-se no que foi reportado no século XVI, já alguém teria pelo menos passado pela ilha antes da sua (re)descoberta pelos Portugueses e até sentido a necessidade de deixar um vestígio da sua presença no local. Teriam sido Gregos, Cartagineses, Vikings, Extraterrestres, ...? E, mesmo em qualquer um desses casos, porquê deixar uma estátua num local de tão difícil acesso? Terá alguém apenas sentido a necessidade de a fazer desembarcar e deixar no local, por razões agora desconhecidas? Nada sabemos, nem temos quaisquer respostas para oferecer, excepto afirmando que poderá ter existido passagem humana pela Ilha do Corvo antes da sua redescoberta em 1452.