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Mitologia em Português

25 de Maio, 2019

A mitologia do Senhor dos Anéis

O tema da mitologia do Senhor dos Anéis, da autoria de J. R. R. Tolkien, é fascinante, porque se refere a um conjunto de mitos e lendas construídos pelo autor, mas com uma base significativamente realista, em alguns instantes até brevemente derivada dos mitos nórdicos e germânicos. Mas já lá iremos, por agora convém apresentar, de uma forma muitíssimo breve, os quatro principais volumes que compõem a série.

Tudo começa com O Hobbit, em que a personagem principal, Bilbo Baggins, é como que convidado a juntar-se a uma aventura. São muitas as peripécias por que vai passando, mas o mais importante é o facto de este primeiro livro explicar como é que ele obteve o famoso anel que dá nome a toda a série. Sim, também obtém uma grande fortuna, e uma armadura de mithril (um metal ficcional, inventado para esta série), mas esses são elementos secundários face ao próprio anel.

Depois, na trilogia que compõe o Senhor dos Anéis em si mesmo - A Irmandade do Anel, As Duas Torres, e O Regresso do Rei - o que tem essencialmente lugar é um desenvolvimento desse tema inicial, com o herói principal a tornar-se agora Frodo Baggins, numa intenção geral da destruição do poderoso anel, que desde o seu início é apresentado como tendo um misterioso poder de invisibilidade.

A Mitologia do Senhor dos Anéis

Claro que este pequeno resumo é demasiado redutor do interesse de toda a série, mas é mais que suficiente para aqui se introduzir a mitologia do Senhor dos Anéis. Se à partida este anel tem poderes mágicos, o porquê de os ter só vai sendo revelado progressivamente, mas nunca de uma forma completa. É um anel misterioso, cuja completa realidade nunca é revelada, ou pelo menos não como esperaríamos de uma obra de ficção. E, de uma certa forma, esse ambiente de mistério pauta todas estas quatro obras, como também O Silmarillion, obra póstuma em que o universo das lendas da série é explorado de uma forma mais intensa. Por exemplo, quando é apresentada uma área de nome original Helm's Deep, as personagens até podem comentar sobre a origem do nome, mas fazem-no de uma forma relativamente incerta, como se não tivessem a certeza absoluta do que estão a comentar - apenas o "ouviram dizer", sem certezas de maior.

 

Essa insegurança, essa imperfeição de muitas das personagens, que não sabem ou já não têm a certeza de algo, é - pelo menos para nós - o elemento mais curioso de toda a mitologia do Senhor dos Anéis, porque preserva um elemento muito realista do mundo. Quem ler uma obra como a Descrição da Grécia de Pausânias, poderá ver que o seu autor, e mesmo as fontes a que foi tendo acesso, nem sempre têm a certeza dos mitos e lendas que comunicam ao leitor. Realisticamente, assim é o mundo - bastará que se recorde, como exemplos nacionais, a Cruz de Popa ou a Pedra Amarela - até porque não sabemos as histórias por detrás de tudo aquilo que nos rodeia.

 

Na trilogia do Senhor dos Anéis, bem como na obra que a precede, é curiosa essa presença, sempre dual, do mito e da lenda. Existe a aventura das diversas personagens, aquela que já apresentámos super sucintamente acima, mas por detrás dela também está contido um palco riquíssimo, que deixa sempre muito que pensar, ainda para mais a quem se interesse por estes temas. Por exemplo, quando Bilbo Baggins e os seus companheiros confrontam o dragão Smaug, fazem-no num contexto muito semelhante ao do confronto germânico com Fafnir, e quando os heróis de uma outra aventura encontram o misterioso - e infinitamente poderoso (?) - Tom Bombadil, como não ver nele um herdeiro das lendas de figuras como o Homem Verde?

 

 Terá sido mera coincidência? Quando construiu estas aventuras, é fácil notar que J. R. R. Tolkien sabia o que estava a fazer, fruto do seu estudo de obras de ficção como Beowulf. E, nesse sentido, se as histórias que nos contou não são, na verdade, derivadas dos mitos nórdicos ou germânicos, têm pelo menos a sua inspiração às costas. Mas, ao mesmo tempo, também são aventuras pautadas por um pensamento tácito, de natureza mitológica e lendária, que raramente se encontra nos nossos dias. E isso acaba por ser interessante, tão interessante como as próprias aventuras que os heróis vão vivendo nas suas páginas. Quem quiser poderá lê-las só por isso, pelas tramas por que vão passando as diversas personagens, enquanto que alguém mais interessado na área da Mitologia poderá, até em alternativa, pensar mais no papel das próprias lendas no espírito de toda a série, em momentos como aqueles em que a personagens discutem entre si histórias e versos que ouviram em outros tempos, mas que não estão necessariamente ligados aos seus próprios feitos.

 

Para quem tiver especial interesse nessa mitologia do Senhor dos Anéis, de Tolkien, deverá começar por ler as quatro obras acima, e poderá depois ler O Silmarillion. Existem, em seguida, obras quase enciclopédicas, como The History of Middle-earth (em 12 volumes), só mesmo para quiser compreender melhor toda a questão, e até existem estudos em Português sobre tudo isto, como o Estudo dos mitos e da construção narrativa em J. R. R. Tolkien, publicado no Brasil em 2018. Mas isso fica para outro dia...

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