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Mitologia em Português

23 de Maio, 2022

Quem foi Maria do Carmo de Mello?

Hoje falamos de Maria do Carmo de Mello, cujo nome já teria sido esquecido não fosse a existência de um pequeno cruzeiro no Pai do Vento, Cascais. E não seria caso único - como o Sal da História mostrou há já uns anos, casos parecidos existem por todo o país, em que toda a vida de um ser humano, normalmente jovem, acaba, por mero acaso das circunstâncias, resumida na berma de uma qualquer estrada do nosso país. Assim, quem passar pela cascalense "Avenida de Sintra" poderá ver, muito próxima de duas bombas de gasolina, um pequeno cruzeiro circundado por uma pequena vedação, hoje quase abandonado e esquecido pelo tempo:

O Cruzeiro de Maria do Carmo de Mello

Este cruzeiro, como é aqui fácil de ver, dá-nos muito pouca informação. Contém apenas um nome - Maria do Carmo de Mello - e uma data, escrita como 20-9-1902, talvez porque quem o mandou erguer tenha pensado que não eram sequer necessárias mais explicações. E talvez nem o fossem, não fosse aquele eterno acaso do progresso alterar toda a zona circundante - onde outrora apenas existiam árvores, montes e vales, agora está tudo repleto de casas, como que fazendo esquecer o desastre de outros tempos.

Quem já tiver visto esta zona do Pai do Vento, em Alcabideche, tal como a região era há mais de 100 anos atrás, vê-la-ia quase completamente vazia de ocupação humana. Havia, no entanto, uma pequena estrada de terra batida, onde ocasionalmente passavam carroças, dirigindo-se quase certamente para a zona de Cascais, tendo por isso de suportar os enormes ventos que deram nome ao local - e ele ainda hoje é ventoso, mas talvez agora menos pelas casas que circundam o local.

 

Nesse contexto, a 20-9-1902 passava esta Maria do Carmo de Melo pelo local, acompanhando o pai numa viagem de charrete, quando um enorme vento se levantou e causou um acidente. O pai, António Maria Vasco de Melo Silva César e Meneses, que até era o nono Conde de Sabugosa, sobreviveu, apenas macerado na carne, mas a sua filha faleceu no local - e o seu elemento paterno, com uma óbvia e notória tristeza, depois erigiu este pequeno monumento, hoje já quase esquecido, no local em que tinha visto a sua amada filha a perder a vida. Hoje, talvez seja relembrada por ele e por pouco mais.

 

Talvez esta espécie de tradição se tenha perdido ao longo dos anos, talvez as pessoas já não sintam o sofrimento como em outros tempos, mas quantos mais monumentos semelhantes existirão, ainda, pelo país fora? Quantos deles já terão sido esquecidos e feitos perder pela crueldade do tempo? Como nos casos da Cruz da Popa e da Arranca-Pregos, também geograficamente próximos da história e hoje, é provável que também esta pequena história acabe esquecida mais tarde ou mais cedo...

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