A história do Jumbo, o elefante real que se tornou supermercado
A história do Jumbo, que aqui contamos hoje, é a de um elefante real que se tornou supermercado, pelo que tem obrigatoriamente de começar com uma consideração completamente nacional. Até há uns poucos anos podiam ser encontrados por todo o nosso país diversos supermercados com este nome. Hoje já adoptaram um outro, muito mais feio, mas porque tinha o supermercado esse nome, e de onde vinha ele? É isso que vamos aqui explicar hoje, até porque toda esta história ainda é famosa nas culturas inglesas mas muito pouco conhecida em Portugal.
Esta história real do Jumbo começa por volta de 1862, em que um dado elefante foi capturado na área do Sudão. Foi levado para a Europa, mais precisamente para França, onde foi exibido em Paris durante algum tempo, antes de ser trocado, em 1865, para um jardim zoológico em Londres. Tornou-se muitíssimo popular sob o nome de Jumbo - as crianças até passeavam nele todas as tardes! - e casou com a elefanta Alice, mas nunca tiveram os seus próprios elefantinhos. No entanto, ele era tão popular entre as crianças que se produziram muitos produtos com o seu nome, como o postal mostrado acima.
A vida de Jumbo poderia ficar por aqui, mas depois, em 1882, ele começou a portar-se mal, numa espécie de puberdade elefantina, e o jardim zoológico decidiu vendê-lo ao famoso P. T. Barnum. Na altura da partida para os EUA ele não quis ir, fez trinta por uma linha, tornando-se até notícia dia após dia, numa situação que foi evoluindo de tal forma que chegou à Rainha Vitória, ao parlamento inglês e aos tribunais locais, com muitas crianças locais a quererem que o seu elefante não fosse levado para longe.
Mas... ele acabou por ser levado, e já nos EUA obteve uma popularidade ainda maior num circo, até pelo facto de se tratar do maior animal que existia em cativeiro - dessa altura, ainda vimos muitos mais produtos com o seu nome e a sua figura! Depois, morreu em 1885, atropelado acidentalmente por um comboio. O seu esqueleto e a sua forma empalhada foram separados, exibidos no circo durante alguns anos, e depois doados para locais diferentes (o primeiro está no American Museum of Natural History, em Nova Iorque, enquanto que o segundo esteve na universidade Tufts até ao dia em que se perdeu num incêndio).
Também não é este o fim de toda a história. Nos anos que precederam a sua morte este elefante tornou-se tão popular que o seu nome, por via de toda a publicidade que o envolvia, se tornou um adjectivo na cultura americana, com o significado de "muito grande", como o era o animal (com quase quatro metros de altura). Assim, é certo que quem deu o nome à antiga cadeia de hipermercados ainda conhecia toda esta história - basta até relembrar a presença do elefante no logo - tendo-lhe potencialmente atribuído esse nome para mostrar que o espaço era muito grande, um hipermercado, muito maior e melhor do que os supermercados a que as pessoas já estavam tão habitudas. E assim, durante muitos anos e até ao ano de 2019, esta pequena, história real do Jumbo perdurou, de um forma muito oculta e quase esquecida, na cultura portuguesa... mas é provável que também tenha inspirado outros supermercados com o mesmo nome pelo mundo fora, já que eles existem na Argentina, na Canadá, no Chile, na Colômbia, na Holanda e na Bélgica, entre outros lugares...
Uma última curiosidade, em relação a este tema? No famoso filme animado Dumbo, de 1941, o nome original do elefantinho era "Jumbo Jr."; o seu pai nunca é visto, presume-se que a audiência já soubesse o que se passou com ele, mas é provável que a sua mãe fosse a Alice de toda esta história, apresentada no filme apenas sob o nome de "Mrs. Jumbo".