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Mitologia em Português

18 de Janeiro, 2010

"Das Coisas Incríveis", de Heraclito Paradoxógrafo

Tal como na obra homónima de Palaefato, também Heraclito tenta, neste seu Das Coisas Incríveis, analisar variados mitos, dando explicações para os mesmos. Conforme já referido no outro artigo, prefiro não me focar tanto na tarefa de recontar os mitos (esses são, no seu geral, relativamente fáceis de encontrar), mas sim em algumas das explicações dados pelo autor, as quais aqui serão referidas de forma bastante sintética.

Também, aqui fica um enorme agradecimento ao professor Jacob Stern, pela tradução desta pequena obra, publicada exclusivamente em Transactions of the American Philological Association 133.1 (Spring, 2003), páginas 51-97, e sem a qual as linhas seguintes não poderiam ter sido escritas.

 

Medusa - uma jovem prostituta que "petrificava" os homens com os seus dons. Apaixonou-se por Perseu, com que desperdiçou a flor da idade (metaforicamente, a cabeça).

 

Cila - prostituta que vivia numa ilha, juntamente com vários homens. Juntos, "devoravam"  todos os que se aproximavam.

 

Ceneu - rapaz amado por Poseidon, que em adulto se destacou pelo seu carácter. Assim, não era subornável, seja com bronze ou ferro.

 

Atlas - o primeiro homem a observar os princípios da astronomia. Com esse conhecimento conseguiu prever alguns fenómenos atmosféricos, o que deu lugar ao mito.

 

Centauros - os primeiros homens a viajarem no dorso de um cavalo; vistos à distância assemelhavam-se a um só ser.

 

Pasiphae - apaixonou-se por um homem de nome Taurus, de quem teve um filho. As pessoas referiam-se a este como sendo "de Minos, mas parecido com Taurus", que deu lugar à junção de nomes num só.

 

Harpias - prostitutas que levaram Fineu à falência, uma e outra vez.

 

Perseu - inventor do treino de corrida, caracterizado pela sua velocidade, como se tivesse "asas nos pés". [Nota: aqui, referem-se apenas a uma parte deste mito, em que Hermes empresta as suas sandálias aladas ao herói]

 

Glauco (do mar) - vivia numa ilha, e indicava a quem lá passava como teriam de viajar.

 

Ciclope - como vivia só, era ignorante em relação a leis e contava demasiado com a sua força física.

 

Atalanta e Hipomene - devorados por leões, numa caverna. Quando estes animais saíram de lá, e sem vestígio de presença humana, as pessoas assumiram que se tinha tratado de uma transformação.

 

As filhas de Fórcis - três mulheres cegas que tinham acesso a um único guia.

 

Sereias - prostitutas com jeito para a música e para o canto, que retiravam tudo àqueles que se aproximavam. As pernas de pássaro [ou, na versão mais conhecida para nós, caudas de peixe] devem-se à velocidade com que fugiam daqueles cujas propriedades tinham consumido.

 

Quimera - mulher que geria as suas terras juntamente com os irmãos, Leo e Drago. Visto que quebrava tratados e matava hóspedes, Belerofonte acabou por matá-la.

 

Circe - prostituta que, inicialmente, fazia tudo para agradar aos clientes, mas que depois passava a controlar pela força da paixão.

 

Touros cuspidores de fogo - touros que eram selvagens, destruindo tudo o que viam, como o fogo.

 

Hidra [e Cérbero] - mulher com muitos filhos, que a protegiam de todos os males.

 

"Spartoi" (criaturas nascidas dos dentes de dragão de Cadmo) - Cadmo conquistou uma região e matou a besta que a desolava. Nessa região juntou-se, depois, bastante gente, o que levou a conflitos, matando bastantes dessas pessoas.

 

Maçãs de Ouro - Drago era um homem que, através do seu cuidado com as árvores de fruto, ganhou muito ouro. Foi seduzido por várias mulheres, que o fizeram cuidar também das suas árvores.

 

Pessoas no reino de Hades - esta metafórica "vinda do outro mundo" referia-se a todos aqueles que passavam por longas e perigosas viagens.

 

Orfeu - pelas suas palavras, ganhou fama ao acalmar homens sem maneiras ou leis.

 

Pã e os Sátiros - grupo de selvagens que violavam mulheres, nas montanhas, e cultivavam vinhas. Visto não tomarem banho, tinham uma aparência de cabras.

 

Esculápio - um grande inovador na arte da medicina, mas que morreu de febre alta.

 

O Helmo de Hades - local para onde um homem vai, depois de morrer; deixa de poder ser visto.

 

Bóreas e Orítia (e muitos mitos similares) - rei dessa região, raptou Orítia.

 

Proteu - um homem bom para os bons, e mau para os maus.

 

As éguas de Diomedes - éguas selvagens, que devoravam as pastagens, até que Héracles as conseguiu apanhar.

 

Calipso e Odisseu - mais do que o fazer imortal, Calipso ofereceu toda uma abundância de dons físicos a Odisseu.

 

Lâmia - Zeus, um rei, dormiu com esta jovem. Depois, a rainha (Hera) cegou-a e libertou-a num local selvagem, em que esta teve de viver, passando a assemelhar-se a um animal selvagem.

 

Progne, Filomela e Tereu - devido ao seu súbito desaparecimento, as pessoas acharam que estas três figuras se tinham transformado em pássaros.

 

As Filhas do Sol - em vez de se transformarem em árvores, o que se passou foi que não conseguiram encontrar o irmão, e atiraram-se às águas do rio. As outras pessoas não as conseguiram encontrar, mas ao verem três troncos, acharam que elas se tinham transformado.

 

Argos - como queria ver e saber tudo, dizia-se que tinha olhos por todo o corpo.

 

Endímion e Selene - pastor virgem, por quem uma mulher se apaixonou. Quando lhe perguntaram quem era a felizarda, respondeu "a lua".

 

O Gado do Sol - gado que trabalhava na terra para produzir alimento, e que não podia ser sacrificado. Os companheiros de Odisseu, mais que comer este gado, sacrificou-o.

 

 

Comparando-se, então, a obra de Palaefato com a deste Heraclito, é fácil compreender que são várias as coincidências, e o caminho para a interpretação dos múltiplos mitos parece assentar em múltiplos pilares essenciais, comuns às duas obras. Seria sempre assim, a interpretação dos mitos gregos? Infelizmente, pouco nos é possível concluir sobre isso; são muito poucas as obras sobre o tema que nos chegaram aos dias de hoje, pelo que é possível que a similaridade das perspectivas destes dois autores seja não mais que uma simples coincidência, um acaso feliz que nos permite, hoje, ter contacto com essa vertente oculta da mitologia grega.

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