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Mitologia em Português

20 de Fevereiro, 2024

"Circe", de Madeline Miller

Circe é o segundo livro de Madeline Miller, na sequência de um de que já cá falámos há algum tempo atrás. Se nesse primeiro a autora reimaginou a trama da Ilíada, nesta espécie de sequela fá-lo de certa forma para a Odisseia homérica, pegando numa das personagens da obra original e tornando-a maior. Mas já lá iremos...

"Circe", de Madeline Miller

Enquanto preparávamos estas linhas, deparámo-nos com uma curiosa distinção entre o que parecem ser as edições de Portugal e do Brasil. Numa delas a obra tem o subtítulo "Feiticeira, Bruxa, entre o Castigo dos Deuses e o Amor dos Homens", enquanto que na outra apresenta o texto "Uma Heroína, uma Feiticeira, uma Mulher que Encontra o Seu Poder". É curiosa, essa distinção entre bruxa e feiticeira, de que já cá falámos antes, mas podemos e devemos admitir que Circe, a personagem principal deste texto de Madeline Miller, é tudo o que esses dois subtítulos lhe atribuem.

 

Se nos Poemas Homéricos os leitores pouco vêm a saber sobre a intimidade e o espírito desta Circe, o que a obra de Madeline Miller faz é, essencialmente, construir uma autobiografia da figura. Para tal, toma partido de alguns mitos antigos em que ela já tinha algum papel (e.g. o mito de Cila), insere-a em momentos em que poderia ter estado presente (e.g. o mito de Astérion, o Minotauro), e acrescenta até alguns breves novas histórias, de que o possível mito de Trigon é o exemplo mais notável. Assim, a heroína passa de uma mera figura nas aventuras de Ulisses, a uma mulher. É-lhe dado um passado, um presente e um futuro (incompleto), repleto de romance e de sentimentos, que o original não tinha, ou pelo menos nunca nos é dado a perceber nas obras da Antiguidade que nos chegaram - é provável que tenham existido tragédias, hoje mais que perdidas, sobre os amores desta feiticeira.

Outro aspecto interessante da obra é que ela parece, ocasionalmente, brincar com os leitores mais informados, fazendo aqui e ali referências oblíquas a episódios mitológicos secundários, que nada impactam a trama mas que alguns poderão conseguir reconhecer. Em pelo menos um caso essa característica de Circe fez-nos sorrir, precisamente por aludir por aludir a uma história que nenhuma importância aqui tem, mas que demonstra que a autora estava bem informada do material que rodeia aquele que utilizou.

 

Vale então a pena ler esta Circe de Madeline Miller? Cremos numa resposta bastante positiva, pelo facto de, ao não ter a inflexibilidade da trama da antecessora, o tema ter permitido à autora brincar mais com as personagens e suas relações, chegando a tentar completar a trama da Odisseia com o muito pouco que ainda se sabe sobre a forma original desses episódios. Este é, mais do que um livro mitológico, um romance baseado nas personagens da Mitologia Grega, que por isso até poderá agradar a quem tem menos interesse nos mitos e lendas.

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